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Kingston, Rastas e o Bob - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Kingston, Rastas e o Bob

Jamaica, Port Antonio, Kingston

Distância para Kingston, capital da Jamaica

Distância para Kingston, capital da Jamaica


Depois de aproveitarmos até o último segundo da simpática Port Antonio e do seu maravilhoso entorno, chegou a hora de seguirmos para a “temida” capital do país, Kingston. A boataria, para a qual não damos muita bola, diz ser uma cidade perigosa e pouco receptiva a turistas. Bom, concentrando mais de um quarto da população do país, qualquer um que queira conhecer a Jamaica tem a obrigação de conhecer a sua maior cidade. E para lá fomos nós. Até porque, é de lá que sai o nosso voo amanhã, hehehe!

Atravessando as Blue Mountains entre Buff Bay e Kingston, na Jamaica

Atravessando as Blue Mountains entre Buff Bay e Kingston, na Jamaica


Seguimos por uma pequena estrada que passa bem no meio das Blue Mountains, ligando Buff Bay diretamente à Kingston. Asfalto bem estreito, ziguezagueando por entre vales, rios e montanhas, a estrada vai cortando pequenas comunidades e nos levando através da mata densa, sempre subindo, subindo, subindo. Devagarzinho chegamos no alto, de onde se pode observar as duas costas do país, ao norte Port Antonio e ao sul a enorme baía de Kingston, o quarto maior porto natural do mundo.

Atravessando as Blue Mountains entre Buff Bay e Kingston, na Jamaica

Atravessando as Blue Mountains entre Buff Bay e Kingston, na Jamaica


Bem ali, estrategicamente colocado, um restaurante com uma belíssima vista da baía e da cidade. A vista noturna, da qual abdicamos ontem em favor de uma tarde tranquila na maravilhosa praia de Winnifred, deve ser fantástica. Mas a diurna também é linda! No restaurante, além da companhia de exóticos (para nós!) beija-flores com rabo bem comprido, conhecemos uma família joia de Kingston, que tinha subido até lá só para almoçar e aproveitar aquele visual incrível. Nos deram ótimas dicas da cidade, inclusive do hotel a ficar.

Atravessando as Blue Mountains entre Buff Bay e Kingston, na Jamaica

Atravessando as Blue Mountains entre Buff Bay e Kingston, na Jamaica


E para lá seguimos. Não é uma cidade difícil de navegar, tendo o mapa em mãos. Mas, antes do hotel, uma parada estratégica: o museu em honra ao mais conhecido jamaicano internacionalmente, o cantor Bob Marley. Amanhã seria aniversário do cantor e festas são realizadas em todo o país, principalmente na capital, onde passou boa parte da sua vida, e no local onde nasceu e está enterrado, na parte norte da ilha. Enfim, ainda mais numa data dessa, tínhamos de ir lá prestar nossas homenagens.

Vista de Kingston, na costa sul da ilha desde o alto das Blue Mountains, na Jamaica

Vista de Kingston, na costa sul da ilha desde o alto das Blue Mountains, na Jamaica


Mesmo o museu estando fechado, como já sabíamos que estaria. Mas, lá chegando, o simpático guarda nos deixou entrar. Um evento estava sendo preparado para o dia de amanhã e a gente pode circular pela área. A casa, onde Bob morava e tinha sua gravadora, estava fechada, mas o terreno em volta, cheio de fotos e informações sobre a vida do cantor, isso pudemos ver e fotografar. Tudo na companhia do simpático Mickey Mystic, também um cantor de reggae e fã do Bob Marley. Fez até uma “canja” para nós! Muito legal. E ainda deu a dica sobre o show que haveria pela noite num dos parques da cidade, o Emancipation Park, em homenagem ao ídolo.

Admirando a paisagem do alto das Blue Mountains, na Jamaica

Admirando a paisagem do alto das Blue Mountains, na Jamaica


Seguimos para o hotel em uptown e nos instalamos, indo comer em seguida num restaurante indicado pelos nossos amigos lá das Blue Mountains. Finalmente, experimentamos o Jerk Pork, outro dos pratos tradicionais do país. Aos poucos, vou ficando acostumado e fã dos temperos mais picantes.

Beija-Flor de rabo comprido no alto das Blue Mountains, na Jamaica

Beija-Flor de rabo comprido no alto das Blue Mountains, na Jamaica


De lá seguimos diretamente para o parque, longa caminhada de uns 2 km pelas ruas e avenidas da cidade. Não é um lugar gostoso de andar, aprendemos. Cidade feita para carros e não pessoas. Longos quarteirões sem nada para ver, centros comerciais com grandes estacionamentos. Mas nenhum problema com a tal “falta de segurança”. Chegamos ao parque já no escuro, milhares de pessoas esperando pelo show que acabava de começar. Muitas famílias e crianças, 95% das pessoas negras. Clima de paz total, sentimento de segurança completo. Os poucos brancos, turistas europeus e japoneses, vários deles com o cabelo cheio de dreads, fãs longínquos do maior canto de reggae de todos os tempos.

Pit-stop em restaurante no alto das Blue Mountains, com magnífica vista para Kingston, capital da Jamaica

Pit-stop em restaurante no alto das Blue Mountains, com magnífica vista para Kingston, capital da Jamaica


Bob Marley nasceu e cresceu cristão, mas foi convertido à filosofia Rasta pela sua esposa, ainda na década de 60. No início da década de 70 seu sucesso nacional ganhou os palcos do mundo e pouco antes da década de 80 já era um dos mais aclamados cantores, o único de fora do mundo do rock a fazer sucesso entre a juventude. Justo quando estava no auge, um câncer veio levá-lo ainda jovem, aos 37 anos. Começou embaixo da unha do pé. Ele não quis seguir as recomendações de amputar o dedo e seguiu com sua turnê mundial. O câncer se espalhou e ele tentou tratá-lo de uma forma alternativa, numa clínica alemã. Alguns meses depois, quando viu que estava piorando, resolveu voltar a seu país. Mas o destino não deixou. Piorou tanto na viagem que acabou ficando em Miami mesmo, direto para o hospital. Poucos dias depois, em terras americanas, morria o ídolo de toda uma geração, a única pessoa que ainda hoje desafia o Che Guevara no número de camisetas vendidas com sua estampa na frente, nos quatro cantos do mundo. E isso eu posso falar porque por onde já passei, da Tailândia ao Egito, do Chile à Alemanha, lá estão as fotos do Bob Marley nas camisetas e bares da moda.

Visitando o Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica

Visitando o Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica


Presença forte no show, assim como em todo o país, são os adeptos da filosofia Rastafari. Vegetarianos convictos, amantes da paz, cabelos longos e cheios de dreads, os Rsatas estão por todos os lados aqui na Jamaica. O movimento começou na década de 30 e se internacionalizou de vez com o sucesso de Bob Marley. Leitores assíduos da Bíblia e de livros judeus, acreditam que Jesus já teria voltado á Terra, na forma do imperador da Etiópia, Haile Selassie. Na década de 30, junto com a Libéria, país formado por antigos escravos americanos, a Etiópia era o único país que tinha escapado da sanha neocolonialista europeia. Derrotando fragorosamente a Itália numa guerra no final do séc XIX, era lá que estava o único monarca negro do mundo de então. Numa época que o pan-africanismo ganhava forças, era para lá que olhavam negros de todo o mundo, a verdadeira pátria para a qual todos deveriam retornar, aonde estavam suas verdadeiras raízes. Selassie chegou ao trono no início da década de 30 e logo teve de enfrentar a Itália de Mussolini, que tentava mais uma vez conquistar aquele último pedaço de terra livre na África. E conseguiram, com base numa guerra suja com muitas armas químicas. A Liga das Nações da época nada fez para impedir isso e o discurso que Selassie fez em uma de suas assembleias, com o país já conquistado, ficou para a história.

Placa informativa no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica

Placa informativa no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica


Bom, logo no início da 2ª Guerra Mundial a Itália foi expulsa de lá e Selassie voltou à sua pátria. Adorado como um deus pelos rastafáris jamaicanos, apesar dele mesmo ser um cristão ortodoxo. Foi famosa a sua visita à Jamaica, já na década de 60, quando cem mil rastafaris o esperavam no aeroporto de Kingston. Toda a região do aeroporto praticamente flutuava junto com a fumaça da ganja consumida pelos rastas. O monarca até se assustou e só desceu do avião uma hora mais tarde, quando a sua segurança lhe foi garantida. Para tristeza do governo jamaicano, Selassie jamais negou sua divindade, apesar de também não confirmá-la. Frente ao pedido da comunidade rasta de “voltar” para a África, respondeu que primeiro deveriam “libertar” a Jamaica, para depois voltarem à África.

Nosso amigo Mickey Mystic tocando um reggae no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica

Nosso amigo Mickey Mystic tocando um reggae no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica


Alguns anos depois, já na década de 70, o imperador foi derrubado por um golpe comunista. Morreu na prisão, alguns meses depois, para tristeza de muitos rastas. Outros acreditam que ele não morreu, que emigrou para algum convento. O novo governo, comunista, levou o país à terrível fome que matou milhões de pessoas na década de 80.

Antiga residência e gravadora, hojje retransformada no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica

Antiga residência e gravadora, hojje retransformada no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica


A ainda assim é hoje, Selassie sendo considerado a segunda encarnação de deus na terra. E a ganja continua correndo solta, inclusive no parque onde ocorria o show. A ganja é considerada um meio sagrado de abrir a mente para um melhor entendimento da palavra de Deus. Outras drogas e o álcool são desprezados, pois ao contrário da ganja, destroem a mente e nos afastam do melhor entendimento. Aqui na Jamaica, e esse show foi o mais acabado exemplo disso, aprendi como um país pode levar a sua vida normalmente, com a ganja proibida em teoria, mas liberada na prática. Aos poucos, foi ficando normal ver famílias e crianças brincando de um lado enquanto o cheiro de ganja tomava conta do ambiente, tudo tratado com a maior normalidade por todos. Para falar a verdade, o resultado é de muito mais paz do que quando pessoas se reúnem para beber, ficam barulhentas, valentes e inconvenientes. O engraçado era ver o parque repleto de policiais garantindo a segurança de todos e, ao mesmo tempo, a ganja por toda a parte. O mundo perfeito da Rita Lee, hehehe!

Nosso amigo Mickey Mystic tocando um reggae no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica

Nosso amigo Mickey Mystic tocando um reggae no Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica


O show foi um espetáculo e nós simplesmente ADORAMOS ter estado ali. A volta para nosso hotel foi de taxi mesmo e amanhã, bem cedinho, deixamos a Jamaica para trás já com muitas saudades. O destino são as Ilhas Caiman, aqui do lado, paraíso de mergulhadores e banqueiros. Creio que vamos ficar mais com o primeiro grupo...

Nos jardins do Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica

Nos jardins do Bob Marley Museum em Kingston, capital da Jamaica

Jamaica, Port Antonio, Kingston, Blue Mountains, Bob Marley, Rastafari

Veja todas as fotos do dia!

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Da Jamaica às Ilhas Caiman

Blog da Ana Beija-Flor de rabo comprido no alto das Blue Mountains, na Jamaica

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Comentários (2)

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  • 13/02/2012 | 18:12 por Kina

    Poul, excelente Post! Me manda o roteiro para os próximos meses! Eu e a Leticia queremos encontrar vcs! abraco
    Kina

    Resposta:
    Oi Kina!!!!

    Desculpe o atraso em responder; ficamos uns 20 dias sem internet em Cuba. Legal que vc tenha gostado do post. Nós adoramos a Jamaica!

    Então, chegamos no México no final de Fevereiro e na California no meio de Março. Passamos um tempo por lá, damos um pulo no Hawaii e seguimos para os estados do meio oeste (Arizona, Utah, Colorado, etc...). Depois, New Orleans, Flórida, um pulo nas Bermudas e subimos a costa leste até Nova York, onde imaginamos chegar no meio de Maio, talvez...

    Onde vc vem nos encontrar? Eu e a Ana vamos ADORAR a companhia!!!

    Um grande abraço

  • 10/02/2012 | 11:14 por Gustavo

    Muito bom o relato de heim .. que oportunidade de estarem lá bem no aniverário de Bob Marley e realmente ver como eles reagem em relação a tudo isso. Quais foram os fatores históricos relevantes para este momento. Nem imaginava a respeito da ditadura na Jamaica por exemplo, tem coisas que realmente só viajando para aprender. É impossivel passarem tudo isso na escola, especialmente para adolecentes de 17 anos que nem tem a capacidade de acimilar tudo isso e acabam se achando rastas ...rsrs.

    Mas é isso, Grande post, obrigado por mais uma dose de cultura e informação americanas.

    Resposta:
    Fala Gusta!!!

    Essa passagem pela Jamaica foi realmente maravilhosa. Serviu para eu rever vários conceiros que tinha. Uma verdadeira aula cultural, fora as paisagens incríveis.

    Grande abraço para vc, Paula e Pietra!!!

    P.S Na verdade, a Jamaica passou sim por um período de turbulência política e violência decorrente disso (na época do Bob Marley), mas conseguiram superar isso sempre dentro da democracia, ao contrário de nós, latino-americanos. No país da ganja, não tem espaço para ditadura, hehehe

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