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Explorando a Península Valdés - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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Explorando a Península Valdés

Argentina, Península Valdés

Observando a fauna e o mar na Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina

Observando a fauna e o mar na Península Valdés, no litoral da patagônia argentina


Deixamos a bela surpresa que foi Las Grutas para trás hoje de manhã e continuamos a rumar para o sul, agora sim em direção a uma atração turística de nível internacional que já vem atraindo estrangeiros desde que Charles Darwin passou por aqui, em meados do século XIX. Estou falando da Península Valdés e nós já estamos em plena Patagônia, nome dado a toda a região sul da Argentina e do Chile e que inclui alguns dos cenários mais espetaculares desse continente, principalmente ao redor da Cordilheira dos Andes, que marca a fronteira desses dois países. Aliás, a pequena Las Grutas já faz parte da Patagônia e quando entramos oficialmente nessa região dois dias atrás, vindos dos Pampas, tivemos de fazer uma longa parada na “fronteira”, detidos no controle fitossanitário. Tínhamos comprado muitas frutas em Tandil, ainda nos Pampas, e é proibido entrar na Patagônia com elas. Não teve remédio: ali mesmo na estrada, tivemos de comer todo o nosso estoque que era planejado para dois dias inteiros. Melhor do que jogar fora, não é? Tudo pela boa causa de manter a Patagônia livre de doenças que já existem no norte do país.

Mapa mostrando a localização da Península Valdés na Argentina, já dentro da região patagônica (em marrom)

Mapa mostrando a localização da Península Valdés na Argentina, já dentro da região patagônica (em marrom)



O GoogleMaps mostra nosso caminho entre Las Grutas e a Península Valdés, mas sua estimativa de tempo está redondamente enganada! As estradas são ótimas e fizemos o percurso em menos de 4 horas!

A Patagônia é o sonho de consumo de turistas e aventureiros do mundo inteiro e nas estradas cada vez mais desertas aqui do sul, quando cruzamos alguém, é quase certo que sejam eles. Hoje, num posto de gasolina a meio caminho entre Las Grutas e a Península Valdés, cruzamos e socializamos com um enorme caminhão-hotel trazendo dezenas de turistas alemães. Passam meses viajando pela América do Sul sempre dormindo no seu caminhão ou em tendas. Turistas vão entrando e saindo ao longo da rota, cada um fazendo o trecho que estiver mais interessado. São várias as empresas que oferecem esses longos tours, não só aqui na América do Sul, mas também na África e na Ásia. É uma aventura no “mundo selvagem” do imaginário dos gringos do primeiro mundo, principalmente europeus. Aqui na Patagônia certamente encontraremos vários deles. Hoje foi um da mais famosa empresa alemã nesse segmento, a Rotel Tours, e eles vinham lá da Terra do Fogo, com uma parada na Península Valdés, claro!

A caminho da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, encontro com um gigantesco caminhão-hotel com viajantes alemães

A caminho da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, encontro com um gigantesco caminhão-hotel com viajantes alemães


A caminho da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, encontro com um gigantesco caminhão-hotel com viajantes alemães

A caminho da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, encontro com um gigantesco caminhão-hotel com viajantes alemães


A caminho da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, uma janela de posto de gasolina repleta de adesivos de expedicionários e viajantes

A caminho da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, uma janela de posto de gasolina repleta de adesivos de expedicionários e viajantes


Enfim, foram pouco mais de 350 km de estrada desde Las Grutas até a entrada da Península Valdés, na altura da pequena e simpática cidade de Puerto Pirâmides. Aproveitando que estamos quase no verão por aqui e o dia fica claro até perto das 10 da noite, nós resolvemos seguir diretamente para a península e aproveitar cada minuto de claridade que ainda tínhamos. Era pouco mais de meio dia e a nossa primeira parada foi no Centro de Visitantes, bem no pequeno e estreito istmo que liga Valdés ao continente. Há um pequeno museu por aí, um torre de observação e muitas informações sobre roteiros que poderíamos seguir na península. Encontrar um hotel para dormirmos ficou para depois...

Encontro com um carro muito maior do que a Fiona, de expedicionários alemães, na Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina

Encontro com um carro muito maior do que a Fiona, de expedicionários alemães, na Península Valdés, no litoral da patagônia argentina


Encontro com um carro muito maior do que a Fiona, de expedicionários alemães, na Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina

Encontro com um carro muito maior do que a Fiona, de expedicionários alemães, na Península Valdés, no litoral da patagônia argentina


Com pouco mais de 3.600 quilômetros quadrados de área separados do continente pelos golfos de San Jose, ao norte, e Nuevo, ao sul, a Península Valdés se liga ao resto da Argentina por uma estreita ponte de terra chamada Istmo Carlos Ameghino. Logo que a estrada atravessa este istmo e chega ao corpo principal da península o asfalto termina e todos os caminhos se tornam de terra. A partir daí são cerca de 70 km até a costa leste da península, onde estão as atrações principais de Valdés. A estrada logo se bifurca, uma seguindo para a parte sul do litoral e outra para o norte. Esta última se bifurca um pouco mais adiante, uma seguindo para o litoral central e outra para o norte. Nós resolvemos seguir para o litoral central onde está uma importante pinguinera e também os cenários de litoral mais belos. Daí uma estrada segue pelo próprio litoral até a ponta norte, famosa pelo avistamento de baleias. Aí a estrada se encontra com a outra que seguia diretamente para esse lado da península, formando uma espécie de looping. Foi o caminho que resolvemos fazer hoje já que no sul a principal atração é uma pinguinera que fica dentro de uma estância privada e que cobra entrada. Para quem quer ver muitos pinguins e não liga de pagar, é a melhor opção. Mas para quem acaba de chegar da Antártida e viu por lá mais de 1 milhão dessas simpáticas aves, nossa prioridade foi outra.

As rústicas estradas da Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina

As rústicas estradas da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina


As rústicas estradas da Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina

As rústicas estradas da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina


O interior da península é essencialmente plano e as paisagens mais bonitas realmente são aquelas do litoral. A atração dessa parte de Valdés são os encontros com a vida animal, que vou falar no próximo post, além de alguns dos terrenos mais baixos de todo o continente, as salinas. Muitos deles estão bem abaixo do nível do mar. Inclusive, quando estive aqui 21 anos atrás, o guia do nosso tour disse que a Salina Grande tinha o recorde de altitude negativa da América do Sul, 41 metros abaixo do nível do mar. Pois é, recentemente ela perdeu o seu posto de campeã para outra salina, aqui mesmo na Argentina, mas bem longe da Península Valdés. É a Laguna Carbón, pertinho de Puerto Julián, mais de 1.000 km ao sul, também ao lado do litoral patagônico. As medições feitas ali indicam a altitude de – 102 metros. Isso lhe dá não apenas o recorde da América do Sul, mas de toda a América, bem mais baixo que o Death Valley, onde estivemos nesses 1000dias, lá na Califórnia. Na verdade, é o recorde de todo o hemisfério sul e também do hemisfério ocidental do planeta, só ficando atrás de seis depressões na Ásia. A mais profunda é o famoso Mar Morto, fronteira de Israel e Jordânia, com mais de 400 metros abaixo do nível do mar. Enfim, passamos ao lado das salinas aqui na Península Valdés e vamos tentar ver essa tal de Laguna Carbón também, quando estivermos mais ao sul do continente.

Mapa rodoviário (as estradas são todas de terra) da Península Valdés, na Argentina. Nós percorremos as partes central e norte da península, de P. Cantor ao farol na ponta norte e depois nos hospedamos em Punta Piramides

Mapa rodoviário (as estradas são todas de terra) da Península Valdés, na Argentina. Nós percorremos as partes central e norte da península, de P. Cantor ao farol na ponta norte e depois nos hospedamos em Punta Piramides


Uma depressão no interior da Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina, é um dos pontos mais baixos do continente sulamericano

Uma depressão no interior da Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, é um dos pontos mais baixos do continente sulamericano


Fora isso, as salinas e os animais, muita paciência para vencer os quilômetros de terra da larga estrada que corta o interior, sempre cercados por uma vegetação baixa e sem acidentes geográficos. Quando Fernão de Magalhães passou por aqui em 1520 no seu caminho para ser o primeiro europeu a chegar ao Oceano Pacífico, a península era ocupada pelos índios aonikenk, um ramo dos tehuelches, os habitantes da Patagônia. Era um povo nômade que vivia da caça da rica fauna da península. Por outros dois séculos e meio eles puderam continuar com seu estilo de vida por aqui, tendo algum contato ocasional com navios que vinham em busca dos lobos marinhos, cuja pele sempre foi muito valiosa. Essa situação começou a mudar com a expedição liderada pelo espanhol Basilio Villarino em 1778. A ideia era iniciar a colonização da região. Foi quando foi dado o nome que ainda hoje tem a península, uma homenagem ao ministro da Espanha que mandou organizar a expedição. No início, a relação entre europeus e indígenas foi amistosa, mas não demorou para que os nativos percebessem que os novos colonizadores em breve iriam querer todas aquelas terras. Eles então se organizaram e, em 1810, aproveitando-se do período de festas religiosas entre os europeus, atacaram o povoado destruindo tudo e expulsando ou matando a todos que pudessem. Com isso, ganharam mais meio século de tranquilidade, mas também eles acabaram vencidos mais tarde, já no contexto das sangrentas guerras patagônicas empreendidas pelos governos argentinos já em meados da segunda metade do século para a ocupação do território.

O belíssimo visual do litoral da Península Valdés, na  patagônia argentina

O belíssimo visual do litoral da Península Valdés, na patagônia argentina


O belíssimo visual do litoral da Península Valdés, na  patagônia argentina

O belíssimo visual do litoral da Península Valdés, na patagônia argentina


Sem os nativos e ocupada apenas por algumas grandes estâncias, o tempo praticamente parou por aqui. Até que se percebeu o verdadeiro tesouro natural que era a península. Os turistas começaram a chegar, mas a criação de parques e reservas ajudou a preservar a região. Por fim, em 1999, a Unesco declarou a Península Valdés um patrimônio da humanidade e o estímulo de preservação aumentou ainda mais. Por isso as estradas ainda são de terra. Por isso também não foi levado a cabo um projeto para a criação de um canal marítimo cortando o Istmo Carlos Ameghino nem outro da construção de uma grande usina de geração de energia aproveitando as enormes diferenças de maré entre o Golfo Nuevo e o Golfo San José. Viva a força do turismo!

Na Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina, encontro com a Carol, valente ciclista brasileira que vem pedalando desde São Paulo e vai até Ushuaia, ida e volta!

Na Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, encontro com a Carol, valente ciclista brasileira que vem pedalando desde São Paulo e vai até Ushuaia, ida e volta!


Na Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina, encontro com a Carol, valente ciclista brasileira que vem pedalando desde São Paulo e vai até Ushuaia, ida e volta!

Na Península Valdés, no litoral da patagônia argentina, encontro com a Carol, valente ciclista brasileira que vem pedalando desde São Paulo e vai até Ushuaia, ida e volta!


Bom, não encontramos nenhum nativo no interior da ilha, mas no meio daquele calorzão (a gente no conforto do ar condicionado da Fiona) e daquela poeira toda, eis que cruzamos um valente ciclista vindo em direção contrária, enfrentando todos aqueles quilômetros de estrada de terra. Mais tarde, já caminhando pelo litoral central da península, eis que encontramos outra ciclista. Mas esta estava descansando, a bicicleta guardada no alojamento dos guarda-parques. Era a Carol Emboaba, uma brasileira que veio pedalando desde Curitiba e que ainda vai até Ushuaia para depois voltar pelo Chile. Uma verdadeira guerreira! Para quem quiser acompanhá-la no facebook, basta procurar por “Giramérica”. Ele nos contou que o outro maluco que cruzamos no caminho também é brasileiro, o Pedro, e que saiu de Santa Catarina. Poucos dias atrás os dois se conheceram algumas centenas de quilômetros ao norte daqui e pedalaram esses dias juntos. Agora, acabavam de se separar, cada um no seu ritmo. Aqui na Argentina, são sempre muito bem recebidos em postos de bombeiros ou de guarda-parques, como aqui, recebendo habitação, chuveiro e muitas vezes até comida. Isso sim é valentia! E isso sim é viajar barato!!! Aliás, no final do dia, já escuro, quando chegamos a Puerto Pirâmides para encontrar hotel, fomos primeiro no quartel dos bombeiros encontrar o Pedro para lhe entregar um bilhete da Carol. Ele já estava muito bem instalado por lá, pronto para pedalar mais uns cem quilômetros amanhã, faça chuva ou faça sol e, principalmente, enfrentando o impiedoso vento patagônico. Mais uma vez a nossa reverência: é de se tirar o chapéu!

Caminhando em trilha na Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina

Caminhando em trilha na Península Valdés, no litoral da patagônia argentina


Um magnífico pôr-do-sol na Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina

Um magnífico pôr-do-sol na Península Valdés, no litoral da patagônia argentina


Voltando para a Península Valdés, passamos a tarde explorando o litoral central e lá pelas 5 da tarde nos mandamos para o norte, na esperança de avistar orcas, pois este seria o melhor horário. Passamos mais umas horas por lá (como é bom um dia que só termina as 10 da noite!!!) e voltamos no fim das luzes. Ao cruzar novamente a península rumo ao istmo e a Puerto Pirâmides, fomos agraciados por um pôr-do-sol magnífico, tão belo como aqueles assistidos por incontáveis gerações de aonikenks. Nessa terra que parece parada no tempo um momento como esse nos liga diretamente a outras eras e povos que aqui viveram e viam o mesmo que estamos vendo agora. Ficou até mais fácil de entender porque eles lutaram tanto para manter a terra de seus ancestrais. Infelizmente, eles se foram. Felizmente, a terra e suas belezas ficaram.

Um magnífico pôr-do-sol na Península Valdés, no litoral da  patagônia argentina

Um magnífico pôr-do-sol na Península Valdés, no litoral da patagônia argentina

Argentina, Península Valdés, história, Estrada, Patagônia, geografia

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