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A República do Texas - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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A República do Texas

Estados Unidos, Texas, San Antonio

River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Em 1821, após mais de 10 anos de lutas, o México finalmente conseguiu sua independência da Espanha. Era, de longe, a maior nação do novo mundo, seu território se estendendo desde a América Central até a atual Califórnia, Novo México e Texas. Após um breve período monárquico, proclamou-se a república e o próximo passo era definir se o sistema seria centralista, como a maioria dos países europeus, ou federalista, como a jovem e promissora nação ao norte. Na primeira opção, o controle era firmemente exercido pelo governo central, na Cidade do México. Na segunda, os estados tinham mais poderes, vivendo em relativa independência.

Chegando ao Alamo, em San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Chegando ao Alamo, em San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Ao mesmo tempo, independente de ser colônia ou país livre, monarquia ou república, centralista ou federalista, o México vivia um problema grave na sua fronteira norte. A região era muito pouco povoada e os ferozes índios que habitavam mais ao norte viviam fazendo incursões no território, destruindo vilas, queimando fazendas e matando e escravizando aqueles que se aventuravam por lá. A solução encontrada para essa situação, ainda em tempos espanhóis, mas muito estimulada depois da independência, foi atrair novos colonizadores, com promessas de terras baratas e isenções de impostos. Os americanos, cujas próprias terras, agora, eram muito mais caras, logo responderam à chamada, migrando em elevado número para terras texanas. Na entrada, juravam lealdade ao novo país e prometiam adotar a nova cultura.

O Alamo, local da mais famosa batalha para a independênica do Texas, em San Antonio, no sul do estado, nos Estados Unidos

O Alamo, local da mais famosa batalha para a independênica do Texas, em San Antonio, no sul do estado, nos Estados Unidos


Os mexicanos imaginavam que, em uma só tacada, resolveriam os dois problemas: a terra seria povoada e os americanos serviriam de “buffer” contra os ataques de índios. Mas, como se diz por aí, o tiro saiu pela culatra. Os novos colonizadores, de maneira geral, se tornaram mais parceiros do que inimigos dos índios. Passaram a comercializar com eles, vendendo armas e comprando mulas e cavalos. E adivinha aonde os índios encontravam essas mercadorias? Exatamente nas pilhagens que passaram a fazer com mais frequência em território mexicano. Ao mesmo tempo, o número de anglo-saxônicos no Texas crescia perigosamente. Em algumas áreas, sobrepujavam o de mexicanos na relação de 10 por 1. O censo da época, no estado, contabilizava pouco mais de 40 mil americanos e apenas 7.500 mexicanos. Obviamente que essa situação começou a alarmar o governo central. Ainda mais que os novos habitantes teimavam em falar inglês e viver como viviam em seu país de origem. Um informe secreto da época diz que “esses novos habitantes andam sempre com o livro da constituição em seu bolso, muito cientes de seus direitos de cidadão. O problema é que esse livro é o da constituição americana, e não o da mexicana!”.

O pátio interno do Alamo, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

O pátio interno do Alamo, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


No México, governos federalistas e centralistas se alternavam, mas estavam todos preocupados em reverter a situação no Texas. Novos migrantes foram proibidos e leis mexicanas passaram a ser observadas com maior vigor. Entre elas, aquela que proibia a escravidão, o que “ofendia” sobremaneira os migrantes americanos, que exigiam o sagrado direito do indivíduo pela propriedade, inclusive a propriedade de escravos. A tensão só aumentava entre os dois lados.

O Alamo, local da mais famosa batalha para a independênica do Texas, em San Antonio, no sul do estado, nos Estados Unidos

O Alamo, local da mais famosa batalha para a independênica do Texas, em San Antonio, no sul do estado, nos Estados Unidos


Foi nesse momento que, já no final da década de 20, que voltou ao palco a Espanha! Quem diria, ela tentava recolonizar o México, com uma nova invasão. A consequência dessa nova guerra, vencida de lavada pelos mexicanos, foi a emergência de um novo herói, o general Santa Anna, o primeiro grande caudilho do continente e a consolidação de um regime centralista. Não demorou muito, e os estados e regiões periféricas começaram a se rebelar contra o despótico poder central, entre eles o Yucatan, no sul, e o Texas, no norte.

A bela River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

A bela River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Depois de massacrar exemplarmente os zacatecas, na região central, que também pediam por mais autonomia, Santa Anna voltou-se para o norte, decidido a resolver a questão texana de uma vez por todas. Promulgou uma lei denominando “pirata” todos os estrangeiros pertencentes a nações não beligerantes com o México e que fossem capturados em batalha dentro do país. A pena para isso? Morte por fuzilamento, sem dó nem piedade. Um recado claro às centenas de americanos vivendo no Texas. Não haveria “prisioneiros”. Em seguida, montou um exército e marchou para o norte.

A bela River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

A bela River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Na prática, os texanos já viviam em independência há alguns anos. Não voltariam atrás. O avanço rápido das forças principais mexicanas surpreendeu os americanos, que até então tinham vencido as batalhas contra pequenos destacamentos. Milhares de mexicanos comandados pessoalmente por Santa Anna tomaram a cidade de San Antonio e sitiaram o forte do Alamo, onde pouco mais de uma centena de americanos se entrincheirou. A batalha que se seguiu foi um morticínio. Os americanos, na esperança de que reforços chegariam, não se renderam, até o último homem. Os mexicanos, que queriam fazer dali um exemplo, não aceitariam rendições. A resistência foi mesmo heroica e já rendeu muitos livros, lendas e filmes, como o clássico de John Wayne. Todos os defensores foram mortos, numa luta que, ao final, já era corpo à corpo. Mas o estrago no exército mexicano também foi grande, com mais de 500 mortos e centenas de feridos. Com a exceção de poucas mulheres e crianças, os sobreviventes, já feridos, foram executados. Mais um recado claro de Santa Anna para os revoltosos.

O magnífico River Wak, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

O magnífico River Wak, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Mas a mensagem teve o efeito contrário ao desejado. Os americanos, cada vez mais armados pelos seus compatriotas do outro lado da fronteira, correram às fileiras do exército da nova nação, liderada por Houston. O exército de Santa Anna, que se julgava o “Napoleão do Oeste”, foi emboscado algumas semanas mais tarde, um pouco mais ao norte, e o caudilho foi capturado pelos revoltosos. Em uma batalha que durou menos de uma hora. Encarcerado, Santa Anna foi “convencido” a ordenar a retirada de seu exército das fronteiras texanas e a reconhecer a independência do novo país. Assinado os papéis, com o rabo entre as pernas, o Napoleão do oeste foi enviado de volta a seu país. Nascia uma Nova República. De homens livres, brancos e que falavam inglês. Na constituição promulgada, lá estava o direito de se ter escravos... Não tinha mocinho nessa história.

Turistas passeiam de barco pelo River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Turistas passeiam de barco pelo River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Na nova república, duas facções disputavam o poder e foram se alternando no comando. A primeira, defendia a expulsão de todos os índios do território e o avanço das fronteiras até a Califórnia. A segunda, defendia uma convivência pacífica com os índios e a anexação do Texas aos Estados Unidos. Na alternância de poder entre esses dois grupos, viveu a nova república por dez anos. Na capital, lá estavam embaixadores franceses e americanos, representantes do governo inglês e de outra dezena de países europeus. Apenas o México teimava em não reconhecer sua independência. Obviamente, nem Santa Anna reconhecia os papéis que tinha assinado. Ao longo desse período, por várias vezes mexicanos e texanos guerrearam outra vez, a cidade de San Antonio sendo tomada duas vezes e retomada em seguida.

Caminhando pelo charmoso River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Caminhando pelo charmoso River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Mas as guerras mais violentas foram contra os índios da nação comanche. Carnificina dos dois lados, com tramas cheias de traições e episódios sangrentos. Tantas guerras infrutíferas assim acabaram por enfraquecer a facção que defendia a expulsão dos índios. Além disso, para custear essas batalhas, o novo país acabou se endividando muito com o vizinho poderoso ao norte. Uma solução para quitar esses débitos seria a anexação. Quando essa opção se tornou clara, embaixadores ingleses e franceses se apressaram a pressionar e convencer o México em reconhecer a independência do Texas. Queriam impedir que os Estados Unidos engolissem mais esse território e se tornasse ainda mais poderoso. É engraçado imaginar um mundo em que Inglaterra, França e EUA ainda sejam rivais na política externa. Mas assim era, as potências europeias tentando impedir que a nova nação americana se tornasse um player mundial. Enfim, de nada adiantaram seus esforços, o Texas votou pela anexação. O México, obviamente, não ficou muito feliz com isso. Mal sabia que, alguns anos depois, liderado pelo mesmo Santa Anna, a figura mais detestada da história do país segundo pesquisa recente, o país perderia mais uma enorme parte de seu território para os mesmos americanos, na guerra entre os dois países. Mas isso é um assunto para outro post...

Caminhando pelo charmoso River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Caminhando pelo charmoso River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Hoje, aqui em San Antonio, eu e a Ana visitamos o forte do Alamo, uma antiga missaõ franciscana transformada em quartel e fortaleza. Símbolo máximo da República do Texas e exemplo de bravura estudado, até hoje, nas escolas americanas em todo o país. O grito “Remember the Alamo” ainda é repetido pelos americanos em batalha, onde quer que estejam, uma maneira de se imbuir com o mesmo espírito patriótico e de bravura daqueles valentes soldados que resistiram até o fim. A história está muito bem contada no museu da fortaleza e atrai milhares de turistas todos os dias.

Turistas passeiam de barco pelo River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Turistas passeiam de barco pelo River Walk, no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Teatro ao ar livre na River Walk, arquibancada de um lado e o palco do outro lado do rio (em San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos)

Teatro ao ar livre na River Walk, arquibancada de um lado e o palco do outro lado do rio (em San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos)


Depois dessa visita história obrigatória, seguimos para o River Walk, uma agradável área da cidade que se desenvolveu ao longo de rios e canais, uma espécie de Veneza texana. É como se fosse um “andar de baixo” da cidade, passeios e calçadas ao lado da água, com muitos bares e restaurantes ao redor. O clima é super agradável e não algo artificial como a Disneylandia ou Las Vegas. Foi realmente uma surpresa para nós, que não estávamos esperando por isso. Encantador!

Distrito histórico de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Distrito histórico de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Praça central de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Praça central de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos


Aí ficamos por algumas horas, tirando fotos, observando os turistas passando em barcos lotados, aproveitando a sombras das árvores e o frescor do rio. Comemos, nos regozijamos, celebramos a vida e brindamos à bela surpresa de San Antonio e, claro, ao Alamo. Difícil imaginar que um lugar que só inspira paz e diversão, hoje, possa ter sido palco de um episódio tão violento há pouco mais de um século. Mas a fortaleza está lá, para nos lembrar e inspirar: “Remember the Alamo”. Nós lembramos. Mas, felizmente, ao invés de um rifle, tínhamos um copo nas mãos.

Monumento no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Monumento no centro de San Antonio, no sul do Texas, nos Estados Unidos

Estados Unidos, Texas, San Antonio, história, Alamo

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