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A Incrível Deception Island - Blog do Rodrigo - 1000 dias

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A Incrível Deception Island

Antártida, Deception Island

No alto das escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida

No alto das escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida


Depois da nossa tentativa frustrada de fazer caiaque em Neptune’s Bellows, recompensada por mais de uma hora de remadas nas águas tranquilas de Whaler’s Bay, era a hora de começarmos a explorar Deception Island por terra. Essa pequena ilha é simplesmente o ponto turístico mais popular da Antártida e certamente tem razões para isso. Nós já tínhamos visto isso de dentro d’água e agora veríamos de fora d’água.

Mapa de Deception Island, uma aniga caldeira vulcânica na Antártida. Nosso caiaque e caminhada foram na pequena baía de Whaler's Bay. Depois, já a bordo do Sea Spirit, demos toda a volta na grande baía interna

Mapa de Deception Island, uma aniga caldeira vulcânica na Antártida. Nosso caiaque e caminhada foram na pequena baía de Whaler's Bay. Depois, já a bordo do Sea Spirit, demos toda a volta na grande baía interna


Enormes rochedos marcam a entrada da baía de Deception Island, na Antártida

Enormes rochedos marcam a entrada da baía de Deception Island, na Antártida


Deception Island tem origem vulcânica e basta ver seu mapa ou uma foto de grande altitude para não se ter dúvida sobre isso. A ilha, e seu formato nos mostra, foi uma grande caldeira vulcânica que, após uma erupção colossal, entrou em colapso. A água do mar invadiu a antiga cratera formando um grande lago interior, ligado ao oceano gelado por apenas uma estreita passagem, a tal de Neptune’s Bellows.

Paredes, escarpas e encostas que formavam o contorno da aniga caldeira vulcâncica que é hoje a baía de Deception Island, na Antártida

Paredes, escarpas e encostas que formavam o contorno da aniga caldeira vulcâncica que é hoje a baía de Deception Island, na Antártida


Paredes, escarpas e encostas que formavam o contorno da aniga caldeira vulcâncica que é hoje a baía de Deception Island, na Antártida

Paredes, escarpas e encostas que formavam o contorno da aniga caldeira vulcâncica que é hoje a baía de Deception Island, na Antártida


Paredes, escarpas e encostas que formavam o contorno da aniga caldeira vulcâncica que é hoje a baía de Deception Island, na Antártida

Paredes, escarpas e encostas que formavam o contorno da aniga caldeira vulcâncica que é hoje a baía de Deception Island, na Antártida


Logo após ultrapassarmos esse canal rumo ao interior da ilha aparece uma pequena baía ao nosso lado, a Whaler’s Bay. Por aí remamos pela manhã e aí desembarcamos numa grande praia de areias negras. O nome da baía vem de seus primeiros ocupantes, os baleeiros que construíram aqui uma estação de processamento de baleia. Foi nessa praia e pelas escarpas vizinhas que caminhamos hoje, emocionados com a beleza grandiosa da paisagem e incrédulos com a água quente que brota de suas areias, prova de que o antigo vulcão continua ainda muito vivo sob nossos pés. Ao final de nossa caminhada em terra firme voltamos para o Sea Spirit e, já no navio, demos uma volta por toda a baía em que se transformou a antiga cratera vulcânica. Essa volta com o Sea Spirit em torno da antiga cratera vou tratar no post seguinte.

Caminhando na praia de Deception Island, na Antártida

Caminhando na praia de Deception Island, na Antártida


A praia termina nas escarpas rochosas que formavam a parede da caldeira vulcânica que hoje é Deception Island, na Antártida

A praia termina nas escarpas rochosas que formavam a parede da caldeira vulcânica que hoje é Deception Island, na Antártida


Foi exatamente essa forma peculiar da ilha com o porto natural mais seguro da Antártida, região famosa por seus mares bravios, que atraiu a ocupação humana no início do séc. XIX. Em 1820 os primeiros caçadores de focas (os lobos marinhos) começaram a chegar no arquipélago de South Shetland, ao qual Deception Island faz parte. O que eram apenas alguns navios no início logo se tornou quase cem deles já na temporada 1821-22, e todos eles vinham buscar abrigo e os lobos marinhos aqui na baía de Deception Island. Dessa maneira, não demorou muito para os pobres lobos serem extintos da região e a nova indústria logo desapareceu.

Restos bem conservados de antigo barco na praia de Deception Island, na Antártida

Restos bem conservados de antigo barco na praia de Deception Island, na Antártida


Restos bem conservados de antigo barco na praia de Deception Island, na Antártida

Restos bem conservados de antigo barco na praia de Deception Island, na Antártida


A calma em Deception Island duraria cerca de 80 anos, período que viu apenas umas poucas visitas de caçadores de elefantes marinhos, navios pesquisadores e alguma eventual pequena erupção vulcânica. Em 1904 a indústria baleeira começava a explodir na Geórgia do Sul e eles logo chegaram aqui, para tristeza das baleias. Como não havia estações de processamento em terra aqui nas Shetland do Sul, as baleias eram processadas em navios-fábrica. Para isso, são necessárias águas calmas e protegidas. Deception Island foi a óbvia escolha. O primeiro navio-fábrica (tinha de ser norueguês!) chegou em 1906 e logo outros o seguiram, todos atrás do lucro rápido e certo. Centenas de homens viviam na ilha durante o verão. Em 1908 a Inglaterra, que se achava a detentora da ilha e do arquipélago, resolveu botar ordem no pedaço e instalou na ilha um comissário para recolher os impostos devidos além de regular as cotas da matança. Deception Island passou a contar até com um serviço de correio, estação de rádio e com um cemitério, o mais “movimentado” da Antártida. Ainda hoje se pode visitar e render homenagens às mais de 30 pessoas enterradas ali.

Estação de pesquisa abandonada em Deception Island, na Antártida

Estação de pesquisa abandonada em Deception Island, na Antártida


A neve invadiu antiga estação de pesquisa em Deception Island, na Antártida

A neve invadiu antiga estação de pesquisa em Deception Island, na Antártida


Cemitério em Deception Island, o maior da Antártida

Cemitério em Deception Island, o maior da Antártida


O processamento das baleias em navios não era eficiente naquela época e boa parte dos “lucros” era simplesmente jogada fora. Segundo estimativas da época, cerca de 40% do potencial óleo das baleias era perdido. Então, em 1912, a primeira e única estação de processamento de baleias em terra firme na Antártida foi instalada na ilha (claro, noruegueses...). Os lucros foram tantos que até uma pequena pista de pouso foi instalada na ilha. Daí partiram os primeiros voos de reconhecimento da Antártida, no final da década de 20.

Antigo hangar de Deception Island, na Antártida

Antigo hangar de Deception Island, na Antártida


A neve tomou conta do antigo hangar de Deception Island, na Antártida

A neve tomou conta do antigo hangar de Deception Island, na Antártida


Mas foi também nessa época que as técnicas de processamento eficiente de baleia em alto mar se desenvolveram. A grande vantagem disso, além da agilidade, era poder fugir dos olhos controladores do comissário. Em alto mar, ninguém precisava se importar com impostos ou cotas de caça. Diante de uma concorrência assim, a estação baleeira em terra não tinha chances de sobreviver. Em 1931 ela encerrou suas atividades e, uma vez mais, a paz voltou à ilha.

Vapor formado pelo encontro da água quente vulcânica com o ar gelado polar na praia de Deception Island, na Antártida

Vapor formado pelo encontro da água quente vulcânica com o ar gelado polar na praia de Deception Island, na Antártida


Antigas estações baleeiras na praia de Deception Island, na Antártida

Antigas estações baleeiras na praia de Deception Island, na Antártida


O movimento retornaria após a 2ª Guerra mundial, com a instalação de bases científicas por países que buscavam garantir a posse territorial do arquipélago, notadamente a Inglaterra, Chile e Argentina. Várias edificações foram construídas próximas do antigo entreposto baleeiro. Vinte anos mais tarde, foi a vez da ilha reagir a esta nova onda de ocupação. Uma forte erupção vulcânica, a maior do séc. XX nessa região, tratou de afugentar cientistas e militares. As bases foram abandonas e, desde então, a neve e o gelo vem reconquistando seus espaços. As construções continuam ali, deteriorando-se aos poucos: o cemitério, o hangar, grandes tonéis para armazenar óleo de baleia, casas de pesquisadores, uma espécie de cidade fantasma nos confins da Terra.

Nossa trilha rumo aos penhascos em Deception Island, na Antártida

Nossa trilha rumo aos penhascos em Deception Island, na Antártida


Trilha atravessa vasta planície gelada em Deception Island, na Antártida

Trilha atravessa vasta planície gelada em Deception Island, na Antártida


Trilha nos leva ao alto das escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida

Trilha nos leva ao alto das escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida


Tudo isso pode ser visitado pelos turistas. Ver um hangar em plena Antártida com montanhas de neve em seu interior é uma visão surreal. Mas esse não é o principal atrativo para os milhares de turistas que visitam a ilha anualmente. Não, há outros ainda bem mais interessantes.

Escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida

Escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida


Escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida

Escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida


O primeiro deles é a beleza grandiosa da paisagem. As escarpas vulcânicas, cobertas ou não de neve, formam um cenário de beleza indiscutível, a rocha mergulhando abruptamente no mar azul cercada de pequenas geleiras que cobrem mais da metade da ilha. É possível caminhar até o alto delas e, de lá, ter uma visão ainda mais abrangente desse antigo lago vulcânico hoje transformado em baía. A vastidão branca vista lá de cima é de tirar o fôlego, assim como a visão do alto da Neptune’s Bellows, que já havíamos visto lá de baixo, tanto do zodiac que levava nossos caiaques como do convés do Sea Spirit, quando entramos na baía.

Admirando a vista da baía de Deception Island, na Antártida

Admirando a vista da baía de Deception Island, na Antártida


No alto das escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida

No alto das escarpas vulcânicas de Deception Island, na Antártida


A outra atração, essa a mais inusitada de todas, tem a ver com o passado vulcânico da ilha. Até hoje, água quente brota das areias da praia de Whaler’s Bay. Água quente natural na Antártida é obviamente uma raridade e ninguém quer perder a oportunidade de ver e sentir isso. Por isso, turistas são trazidos para cá, para poder tomar um banho em pequenas piscinas feitas na praia cercados por uma paisagem polar.

Um imperial shag na praia de Deception Island, na Antártida

Um imperial shag na praia de Deception Island, na Antártida


Esquentando as mãos nas águas quentes que brotam nas areias da praia de Deception Island, na Antártida

Esquentando as mãos nas águas quentes que brotam nas areias da praia de Deception Island, na Antártida


Felizmente, nós somos o primeiro barco da temporada e, com isso, não há concorrência para nós. Chegar até aqui ao fim do mundo e encontrar mais gente teria sido desapontador. A prática de se fazer essas piscinas na praia também tem sido desestimulada pelas companhias de turismo, pelos danos ecológicos que estavam causando. Assim, o que fizemos foi apenas pisar sobre o terreno envolvido em vapor e, claro, esquentar nossas mãos e rostos com a água mágica que nasce do solo.

Um pinguim gentoo na praia de Deception Island, na Antártida

Um pinguim gentoo na praia de Deception Island, na Antártida


Um pinguim gentoo na praia de Deception Island, na Antártida

Um pinguim gentoo na praia de Deception Island, na Antártida


Pinguins gentoo na praia de Deception Island, na Antártida

Pinguins gentoo na praia de Deception Island, na Antártida


Quem também parece se divertir com isso são os pinguins gentoo que encontramos na praia. A impressão é que eles estão fazendo uma sauna a vapor. O cenário é realmente incrível, quase dantesco: uma praia negra e envolta em fumaça. Se isso parece pouco, acrescente alguns pinguins. Nosso cérebro demora a entender cena tão pouco usual.

Passageiros voltam para o Sea Spirit em meio ao vapor de água quente na praia de Deception Island, na Antártida

Passageiros voltam para o Sea Spirit em meio ao vapor de água quente na praia de Deception Island, na Antártida


Pinguins parecem se esquentar no vapor da água vulcânica na praia de Deception Island, na Antártida

Pinguins parecem se esquentar no vapor da água vulcânica na praia de Deception Island, na Antártida


Fotografando pinguins em meio à névoa da praia de Deception Island, na Antártida

Fotografando pinguins em meio à névoa da praia de Deception Island, na Antártida


Falando em pinguins, outra cena marcante ocorreu com eles logo pela manhã, quando atravessávamos o Neptune’s Bellows a bordo do Sea Spirit. Ainda bem cedo, chegamos junto com grandes grupos dessas simpáticas aves que voltavam do mar aberto depois de uma noite de caça. Ver dezenas delas nadando e pulando sobre a água foi emocionante, elas tão excitadas como nós de entrar nessa baía de águas protegidas. Deception Island não poderia ter nos dado melhores boas vindas!

Pinguins entram nadando na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)

Pinguins entram nadando na baía de Deception Island, na Antártida (foto de Senteney)


Pinguins entram nadando na baía de Deception Island, na Antártida

Pinguins entram nadando na baía de Deception Island, na Antártida


Eu e a Ana fomos os últimos a chegar à praia, por causa do caiaque. Assim, quando subimos a trilha que leva até o alto das escarpas e quando fomos visitar os prédios parcialmente cobertos pela neve, estávamos praticamente sós. Mais uma benção de termos contratado essa atividade do caiaque no primeiro navio da temporada: ter Deception Island, a ilha mais popular da Antártida, só para nós. Foi absolutamente inesquecível!

Com o Bart, o artista do Sea Spirit, voltando para o navio em Deception Island, na Antártida

Com o Bart, o artista do Sea Spirit, voltando para o navio em Deception Island, na Antártida


O Sea Spirit no visual majestoso da baía de Deception Island, na Antártida

O Sea Spirit no visual majestoso da baía de Deception Island, na Antártida

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